A violência e o debate político Ojornalweb.com#comment-105655
A violência domina a mídia e esta diz que aquela vai dominar o debate político no próximo ano. Não há como fugir disso. Vivemos há algum tempo no local mais violento do País e isso tem trazido consequências funestas para nosso modo de vida. Estamos temerosos, permanentemente temerosos, como que a espera de que algo de ruim nos aconteça a qualquer momento; um estágio de permanente vigília – a média é de cinco assassinatos diários e incontáveis roubos e furtos, dados perversos da nossa guerra cotidiana.
Os americanos também vivem assim, uma similitude que nenhum de nós queria. Mas lá, trava-se uma guerra que pontifica em vários pontos do mundo onde haja embaixada americana e que encontrou eco nos atentados de 11 de setembro. Aqui, temos um World Trade Center a cada ano – não chegamos à metade do mês e já contabilizamos quase 50 homicídios só em setembro. É por isso que o assunto deve dominar a agenda política do próximo ano quando os maceioenses vão eleger um novo prefeito e 31 novos vereadores.
Em artigo publicado há alguns dias, o professor e escritor Luis Sávio Almeida foi categórico: “O Estado precisa se fazer acreditar”. Isso resume bem o dilema que vivemos e ele, Sávio, chega a perguntar: “o cidadão tem mais medo do traficante do que confiança no Estado?”. A confiança no Estado é pouca e o escritor afirma que, para nossa sorte, os traficantes estão aparentemente atomizados, “parecendo não haver possibilidade de um extenso pacto territorial”.
Sávio Almeida é conclusivo: “O combate à droga passa, portanto, pela renovação do Estado. Ele tem que se fazer respeitar pela população e tudo começa, novamente, pela necessidade de ser convincente ao pedir desculpas, ao dizer batendo no peito três vezes: mea culpa, mea culpa. Mea máxima culpa. Miserere nobis. (…). A droga para ser destruída requer um projeto de comunidade, requer um Estado e um povo andando no caminho da reconstrução”.
Como o governo nunca pediu desculpas (e que tudo indica nunca vai pedir) não é possível avaliar seu grau de convencimento. Sendo assim, ele não pode se fazer respeitar pela população nem hoje nem no próximo ano. É duvidosa sua capacidade de reconstrução; é certa sua arrogância e indiferença para com os mais desassistidos, exatamente aqueles que são presas fáceis dos traficantes.
A incompetência dos traficantes em estabelecer um pacto territorial para dominação encontra paralelo na incompetência do governo em combatê-los. E não apenas isso: o governo é incapaz de esboçar um plano estratégico de combate à violência, aquela que nos aproxima dos americanos na espreita de que algo terrível possa nos acontecer a qualquer momento.
Mas novos tempos virão, com certeza.
“Não chegamos à metade do mês e já contabilizamos quase 50 homicídios só em setembro”Ronaldo Lessa
A violência domina a mídia e esta diz que aquela vai dominar o debate político no próximo ano. Não há como fugir disso. Vivemos há algum tempo no local mais violento do País e isso tem trazido consequências funestas para nosso modo de vida. Estamos temerosos, permanentemente temerosos, como que a espera de que algo de ruim nos aconteça a qualquer momento; um estágio de permanente vigília – a média é de cinco assassinatos diários e incontáveis roubos e furtos, dados perversos da nossa guerra cotidiana.
Os americanos também vivem assim, uma similitude que nenhum de nós queria. Mas lá, trava-se uma guerra que pontifica em vários pontos do mundo onde haja embaixada americana e que encontrou eco nos atentados de 11 de setembro. Aqui, temos um World Trade Center a cada ano – não chegamos à metade do mês e já contabilizamos quase 50 homicídios só em setembro. É por isso que o assunto deve dominar a agenda política do próximo ano quando os maceioenses vão eleger um novo prefeito e 31 novos vereadores.
Em artigo publicado há alguns dias, o professor e escritor Luis Sávio Almeida foi categórico: “O Estado precisa se fazer acreditar”. Isso resume bem o dilema que vivemos e ele, Sávio, chega a perguntar: “o cidadão tem mais medo do traficante do que confiança no Estado?”. A confiança no Estado é pouca e o escritor afirma que, para nossa sorte, os traficantes estão aparentemente atomizados, “parecendo não haver possibilidade de um extenso pacto territorial”.
Sávio Almeida é conclusivo: “O combate à droga passa, portanto, pela renovação do Estado. Ele tem que se fazer respeitar pela população e tudo começa, novamente, pela necessidade de ser convincente ao pedir desculpas, ao dizer batendo no peito três vezes: mea culpa, mea culpa. Mea máxima culpa. Miserere nobis. (…). A droga para ser destruída requer um projeto de comunidade, requer um Estado e um povo andando no caminho da reconstrução”.
Como o governo nunca pediu desculpas (e que tudo indica nunca vai pedir) não é possível avaliar seu grau de convencimento. Sendo assim, ele não pode se fazer respeitar pela população nem hoje nem no próximo ano. É duvidosa sua capacidade de reconstrução; é certa sua arrogância e indiferença para com os mais desassistidos, exatamente aqueles que são presas fáceis dos traficantes.
A incompetência dos traficantes em estabelecer um pacto territorial para dominação encontra paralelo na incompetência do governo em combatê-los. E não apenas isso: o governo é incapaz de esboçar um plano estratégico de combate à violência, aquela que nos aproxima dos americanos na espreita de que algo terrível possa nos acontecer a qualquer momento.
Mas novos tempos virão, com certeza.
Como podemos comemorar a emancipação politica de alagoas enquanto a violência espalhar o terror nas ruas, em casa e no trabalho?
É TRISTE A SITUAÇÃO EM QUE CHEGOU NOSSA ALAGOAS.