Revista inglesa diz que Alagoas é capital do crime com "sua polícia corrupta"
A respeitada revista inglesa The Economist, publicou uma devastadora matéria que classifica Alagoas como a capital brasileira do crime, chama seus políticos de fracos e a polícia local de corrupta e de só querer saber “estar em greve”.
As palavras são duríssimas, e além das críticas, a revista aponta a desigualdade, a corrupção e as dívidas do Estado como causas para este quadro. Veja abaixo a matéria na ínegra em inglês e português.
Murder in Brazil: Danger in Alagoas
THE road from Maceió, the capital of Alagoas state, to its airport passes luxury-car showrooms and shops selling outsize Jacuzzis. In the central reservation, indigent families live under plastic sheeting. Even by the standards of Brazil’s north-east, Alagoas is scarred by poverty and extreme inequality. With 107 murders per 100,000 people, Maceió is also the most violent state capital in Brazil, just as, with 60 murders per 100,000, Alagoas is the country’s most violent state (see chart). It is a place of sugar and cattle, where the sugarcane cutters settle scores with fists and knives and the well-connected escape punishment by using contract killers instead.
Year-round sunshine, beautiful beaches and coral reefs mean tourism offers Alagoas’s best chance of development. But its status as Brazil’s crime capital puts that at risk. State officials are desperate to point out that Alagoans kill each other, not outsiders, and in slums, not beauty spots. Victims and murderers are often indistinguishable: unemployed, illiterate, drug-addicted young men, says Jardel Aderico, the state secretary for peace, whose job title represents an aspiration.
Brazil’s murder rate barely budged during the past decade, at around 26 per 100,000. But the geography of murder changed, notes Julio Jacobo Waiselfisz of the Instituto Sangari, a think-tank in São Paulo. In 1998 São Paulo and Rio de Janeiro were more violent than average; Alagoas was not. Better policing and economic growth have seen the murder rate fall by nearly two-thirds in São Paulo and two-fifths in Rio over the decade. Criminals squeezed out of long-held strongholds followed the money to areas of new industrial development and tourist destinations. Illegal logging and land grabs, together with new cross-border routes for guns and drugs, stoked crime in the Amazon. And Alagoas, its state government debt-ridden and police force weak, corrupt and often on strike, was at times close to lawless.
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Things are starting to improve in Alagoas. The World Bank, which in 2009 lent the state $195m to stabilise its finances and improve its management, says the loan targets have been met. It is now working with the state on a plan to eradicate extreme poverty. Alagoas’s governor, Teotônio Vilela Filho, recently re-elected for a second term, has bought the police new cars and guns, and ended the practice of appointing police chiefs according to their political connections. Mr Aderico hopes that “peace lessons” in schools will create a less violent generation of Alagoans.
But in the short term the state’s best hope of moving down the murder rankings is for others to move up. Local politicians want to split Pará, a large Amazonian state, into three. If they succeed, Brazil’s map of violence will change once more. Marabá, which would become capital of south Pará, would inherit the title of murder capital and spare Maceió its shame.
Veja aqui o link para o site da revista que publicou a matéria na íntegra durante o dia de ontem
Assasinatos no Brasil: Perigo em Alagoas
No caminho de Maceió, capital do Estado de Alagoas, para o seu aeroporto passa carro de luxo, showrooms e lojas que vendem Piscina sob media, no acostamento, famílias indigentes vivem sob lonas de plástico.
Mesmo para os padrões do Nordeste do Brasil, Alagoas é marcada pela pobreza e extrema desigualdade. Com 107 assassinatos por 100.000 pessoas, Maceió é também a capital do Estado mais violento do Brasil, com índices que chegam a 60 homicídios por 100 mil, Alagoas também é o estado mais violento do país
É um lugar de açúcar e gado, onde os donos das usinas acertam contas com os punhos, facas e escapam da punição, usando assassinos contratados em seu lugar.
Sol o ano inteiro, belas praias e recifes de coral significam que o turismo oferece melhores chances de desenvolvimento de Alagoas. Mas o seu estatuto de capital brasileira do crine coloca em risco este potencial.
Funcionários do Estado estão desesperados, e os alagoanos se matam uns aos outros nas favelas que mancham a beleza da cidade.
Neste cenário de violência, vítimas e assassinos são muitas vezes indistinguíveis: “desempregados, analfabetos, viciada em drogas, homens jovens”, diz Jardel Aderico, o secretário estadual de paz, cujo cargo representa uma aspiração.
A taxa de assassinatos do Brasil praticamente não se moveu durante a última década, em cerca de 26 por 100.000. Mas a geografia do crime mudou, observa Julio Jacobo Waiselfisz do Instituto Sangari, uma ONG em São Paulo.
Em 1998, São Paulo e Rio de Janeiro foram mais violentos do que a média; Alagoas não foi. Um melhor policiamento seguido do crescimento econômico, fez com que houvesse uma queda da taxa de homicídio por quase dois terços em São Paulo e dois quintos no Rio durante a década.
Os criminosos, expulsos das fortalezas de longa data seguiram junto com o dinheiro para as áreas de desenvolvimento industrial e novos destinos turísticos.
A exploração madeireira ilegal e grilagem de terras, juntamente com novas rotas transfronteiriças de armas e drogas, levaram uma parte destes criminosos para a Amazônia. E Alagoas foi escolhido, pela fraqueza de um governo endividado e sem forças, além de ter uma polícia fraca, corrupta , muitas vezes em greve, e às vezes comandando o crime organizado.
A boa notícia é que as coisas estão começando a melhorar em Alagoas. O Banco Mundial, que em 2009 emprestou o estado de $ 195m para estabilizar suas finanças e melhorar a sua gestão, diz que as metas de empréstimo estão sido cumpridas.
Agora ela está trabalhando com o estado em um plano para erradicar a pobreza extrema.
O governador de Alagoas, Teotônio Vilela Filho, recentemente reeleito para um segundo mandato, comprou os carros de polícia e armas novas, e terminou a prática de nomear chefes de polícia que não tenham conexões políticas. O secretário Aderico espera que as "lições de paz" nas escolas criem uma geração menos violenta de alagoanos.
Mas, no curto prazo, a melhor esperança do Estado de sair de baixo no ranking assassinato é com a piora dos outros.
Os políticos locais querem dividir Pará, um grande estado amazônico, em três. Se forem bem sucedidos, mapa do Brasil de violência vai mudar mais uma vez. Marabá, que se tornaria capital do Pará, sul, herdaria o título de capital de assassinatos e pouparia Maceió desta vergonha.
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